Plantas daninhas podem reduzir em até 80% a produtividade das lavouras

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Um estudo técnico divulgado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que a presença de plantas daninhas pode reduzir em até 80% a produtividade das lavouras e, em casos extremos, inviabilizar a colheita.

A pesquisa, publicada em uma Circular Técnica deste ano, detalha como essas plantas interferem nas culturas agrícolas tanto de forma direta quanto indireta. Os efeitos diretos envolvem competição por luz, água, nutrientes e espaço, além da alelopatia – quando uma planta libera compostos químicos que inibem o desenvolvimento de outra.

Daniela Facco, pesquisadora da Aprosoja MT/ IAGRO, explica o que são as plantas daninhas. “São aquelas plantas que estão na nossa área, mas não são de nosso interesse. Por exemplo, eu tenho a soja como uma cultura de interesse comercial, qualquer outra planta que se desenvolver ali no meu ambiente de produção, na minha lavoura, vai ser considerada uma planta daninha. Ela é considerada uma planta de oportunidade, vai se desenvolver em locais onde surgiu uma oportunidade dela se desenvolver.”

Já os impactos indiretos ocorrem quando as plantas daninhas abrigam pragas e patógenos que afetam as lavouras. A competição entre as plantas é o principal fator de perda de produtividade nas culturas de soja, milho e sorgo, variando conforme as condições do solo, o nível de infestação e as práticas de manejo adotadas.

De acordo com Daniela, iniciar o combate às plantas daninhas ainda na semeadura é essencial. “O primeiro ponto para controle de plantas daninhas, é a gente iniciar ali desde uma boa semeadura da cultura, ter uma boa palhada, uma boa cobertura nesse solo, para reduzir as chances dessa planta de cobertura se desenvolver. Também usar o sistema de produção como uma estratégia de controle dessas plantas.”

Outro ponto é aproveitar a estratégia de cultivo entre grãos diferentes para otimizar o combate. “Usualmente, um dos sistemas de produção mais utilizados no estado do Mato Grosso, é o sistema de sucessão soja-milho. Então, usar essas duas culturas para fazer o controle dessas plantas daninhas. Eu posso usar alguns princípios ativos para fazer o controle químico dessas plantas daninhas na soja e aí no milho eu consigo rotacionar, usar outros ingredientes ativos. Eu tenho a possibilidade de usar o sistema de produção como uma estratégia para fazer o controle dessas plantas daninhas.” 

A Aprosoja e a UFMG destacam que o enfrentamento das ervas daninhas exige um Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), com estratégias que combinam controle químico, mecânico e preventivo. O documento ressalta que a resistência de algumas espécies aos herbicidas representa um dos maiores desafios atuais, com potencial de causar prejuízos econômicos significativos.

Entre as principais recomendações, o estudo orienta que os produtores adotem medidas preventivas, identifiquem corretamente as espécies presentes na área, considerem as condições de mão de obra e equipamentos disponíveis, e planejem o controle levando em conta aspectos ambientais e econômicos.

A circular reforça que o manejo deve ser planejado e contínuo, ajustado à realidade de cada propriedade. “As recomendações são flexíveis, mas quando aplicadas de forma sistemática e técnica podem reduzir significativamente os danos causados pelas plantas daninhas”, aponta o documento.

O levantamento destaca que o conhecimento técnico é essencial para o sucesso das atividades agrícolas em médio e longo prazos, funcionando como base para decisões mais assertivas e sustentáveis no campo.

“Um ponto bastante importante é o momento que eu vou fazer esse controle. Eu tenho que priorizar sempre fazer o manejo, o controle dessas plantas daninhas quando elas estão em um estágio inicial de desenvolvimento, porque é muito mais fácil eu controlar do que quando essa planta daninha tiver um desenvolvimento maior, reservas maiores, eu vou ter uma dificuldade muito maior para fazer o controle dessas plantas”, conclui Daniela Facco.

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